
Lembro que quando era pré-adolescente mantinha um diário pessoal e o guardava como se fosse a coisa mais importante da minha vida. Afinal, ali estavam todos os meus sentimentos, meus segredos, minhas frustrações e quereres.
Assim como meus diários, hoje as redes sociais se tornaram para algumas pessoas um diário da vida dirigido a todos os tipos de pessoas, sejam elas parentes, melhores amigos ou até mesmo aquela pessoa que você conheceu na noite anterior e no outro dia já a adicionou em sua rede de amigos virtuais.
Mas porque escolher compartilhar coisas tão íntimas, como os sentimentos, a tantas pessoas? Será que elas estão realmente preocupadas em saber o que está se passando com você ou apenas querem ter uma informação sobre o que se passa? Acredito que essas perguntas devam ser consideradas quando decidimos por falar sobre nós para as outras pessoas.
Mas talvez, a mais importante de todas as perguntas seria: " o que eu ganho verdadeiramente e qual é o preço a se pagar por tanta exposição?
Observo que quando há uma grande carência afetiva saímos desesperados em busca de aprovação, mesmo que o preço que tenhamos que pagar seja a escravidão de verificar a cada segundo quantas curtidas recebemos. E quando isso acontece, a quantidade de curtidas é que passa a determinar o quanto estamos belos, o quanto estamos sofrendo e se merecemos a compaixão dos outros.
Está longe do objetivo desse texto determinar se esse comportamento é correto ou não. Mas cabe olharmos para esse tipo de comportamento e refletir qual seria o real propósito de expormos sentimentos e frustrações para pessoas que pouco ou nada nos conhece.
Observar o quanto de carência existe em nós, se há a falta de pessoas próximas que possam nos escutar verdadeiramente ou se estamos em busca de aprovação e compaixão é o primeiro passo para podermos entender tal comportamento.
E por fim, lembrar que as brigas,seja com chefe,amigos ou namorado,não serão resolvidas pelas redes sociais através da hashtag "fica a dica", pois para isso existe algo muito menos moderno do que as redes sociais, mas muito mais eficaz, que se chama diálogo! Assim como as frustrações do dia a dia, que seriam melhores administradas ao serem dirigidas as pessoas que realmente se importam com aquilo que sentimos e que possam nos apoiar verdadeiramente em um momento difícil.
Ana Cláudia Vargas da Silva
Psicóloga
Juiz de Fora-MG
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