sábado, 22 de agosto de 2015

As frustrações do dia a dia expostas nas redes sociais

Quem nunca se deparou com um post de um amigo reclamando da vida, do dia, do café morno ou até mesmo da amargura de se acordar cedo numa segunda-feira? Quem nunca, não é verdade!? Mas e quando essa pessoa somos nós e não conseguimos perceber isso?

Lembro que quando era pré-adolescente mantinha um diário pessoal e o guardava como se fosse a coisa mais importante da minha vida. Afinal, ali estavam todos os meus sentimentos, meus segredos, minhas frustrações e  quereres.

Assim como meus diários, hoje as  redes sociais se tornaram para algumas pessoas um diário da vida dirigido a todos os tipos de pessoas, sejam elas parentes, melhores amigos ou até mesmo aquela pessoa que você conheceu na noite anterior e no outro dia já a adicionou em sua rede de amigos virtuais. 

Mas porque escolher compartilhar coisas tão íntimas, como os sentimentos, a tantas pessoas?  Será que elas estão realmente preocupadas em saber o que está se passando com você ou apenas querem ter uma informação sobre o que se passa? Acredito que essas perguntas devam ser consideradas quando decidimos por falar sobre nós para as outras pessoas. 

Mas talvez, a mais importante de todas as perguntas seria: " o que eu ganho verdadeiramente e qual é o preço a se pagar por tanta exposição?

Observo que quando há uma grande carência afetiva saímos desesperados em busca de aprovação, mesmo que o preço que tenhamos que pagar seja a escravidão de verificar a cada segundo quantas curtidas recebemos. E quando isso acontece, a quantidade de curtidas é que passa a determinar o quanto  estamos belos, o quanto estamos sofrendo e se merecemos a compaixão dos outros. 

Está longe do objetivo desse texto determinar se esse comportamento é correto ou  não. Mas cabe olharmos para esse tipo de comportamento e refletir qual seria o real propósito de expormos sentimentos e frustrações para pessoas que pouco ou nada nos conhece.

Observar o quanto de carência existe em nós, se há a falta de pessoas próximas que possam nos escutar verdadeiramente ou se estamos em busca de aprovação e compaixão é o primeiro passo para podermos entender tal comportamento.

E por fim, lembrar que as brigas,seja com chefe,amigos ou namorado,não serão resolvidas pelas redes sociais através da hashtag "fica a dica", pois para isso existe algo muito menos moderno do que as redes sociais, mas muito mais eficaz,  que se chama diálogo! Assim como as frustrações do dia a dia, que seriam melhores administradas ao serem dirigidas as pessoas que realmente se importam com aquilo que sentimos e que possam nos apoiar verdadeiramente em um momento difícil.  

Ana Cláudia Vargas da Silva
Psicóloga
Juiz de Fora-MG

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