sábado, 7 de novembro de 2015

Abuso emocional, um vilão invisível

Quando falamos em abuso entre casais temos a tendência de relacioná-lo com agressões físicas e verbais. Isso pode ser justificado pela quase invisibilidade do abuso emocional, que não transparece por muitas vezes ser sutil. 

Quanto mais recente é o relacionamento mais invisível é o abuso, pois ele está envolvidos por crenças que o justificam, como: "Tenho ciúmes por a(o) amo" ou "Faço isso porque quero seu bem".



Uma vez justificada a forma disfuncional do relacionamento, o parceiro passa a acreditar nessas crenças e cria suas próprias crenças como: "É o jeito dele(a) mostrar que se importa comigo" ou " Ele(a) é assim mesmo e eu é que tenho que me acostumar."

Justificado por ambas as partes, o abuso emocional se mantem em sua invisibilidade por um longo tempo. E ao mesmo tempo em que se instala uma falsa sensação de estar tudo bem, também se instala a baixa-estima, a insegurança e a dependência no abusado; e o desejo cada vez maior de controle no abusador. 

O abusador, na busca pelo controle, pode usar diversos artifícios, como:

Tentar afastar o(a) companheiro(a) das pessoas, empregando esforços para que o abusado acredite que não deve ou que não valha a pena socializar-se, seja com amigos, colegas de trabalho ou familiares;

Jogos mentais, colocando-se em situações onde manipula o(a) companheiro(a) com o intuito de conseguir aquilo que se quer. 

Anular a identidade do(a) parceiro(a), fazendo com que tudo que o companheiro faça gire ao redor daquilo que o abusador deseja, até o ponto em que este tenha o controle absoluto da vida e rotina do abusado. 

Apontar as falhas e dar grande enfase a elas quando não consegue o que quer ou acredita que perdeu o controle. 

Os abusadores usam diversos artifícios para conseguir manipular e manter a sensação de controle absoluto do outro. Na maioria das vezes esses artifícios não são visíveis e quanto mais o abusado concorda com isso mais invisíveis elas se tornam. 

 Apesar de manter-se oculta a maior parte do tempo, é possível vê-las claramente quando o abusado perde o controle da situação, onde suas estratégias tornam-se mais agressivas para que ele retome sua sensação de controle.

O controle passa a ser a meta do abusador, em todas as situações e a todo momento, onde a cada dia anula, sutilmente e constantemente, o outro. O abusado passa a sentir-se infeliz e não enxerga qualquer possibilidade além de aceitar o outro "como ele é". 

Muitos abusados tentam mudar seu companheiro na expectativa de salvar o relacionamento, mas isso muitas vezes falha, pois o abusador tem o desejo insaciável de controlar o abusado e não reconhece esse desejo como patológico, mas como amor ou zelo. 

É preciso que ambos procurem ajuda profissional, o abusado para recuperar sua auto-estima e partir para ação de controlar sua própria vida e o abusador para compreender o porquê desse desejo incontrolável.

Quando um casal passa por isso não há quem esteja feliz, pois o abusado sente-se anulado e limitado a satisfazer apenas o desejo do outro e o abusador nunca está feliz, pois a mínima demostração de falta de controle traz uma grande frustração e mobilização para trazer o controle de volta.

É preciso coragem para sair de um relacionamento abusivo, mas é possível!!! Procure ajuda e não se esqueça:

Ciúmes não é amor,
Controle não é zelo,
Perseguição não é preocupação.
Isso tudo não tem nada a ver com amor, isso é ABUSO!



Ana Cláudia Vargas
Psicóloga
Juiz de Fora-MG
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2 comentários:

  1. Preciso de ajuda. Minha familia nao esta normal.

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  2. Olá Sueli. É importante que todos vocês procurem ajuda, mas se não for possível, procure você apenas. Cuide de sua saúde mental. Procure profissionais de saúde de sua cidade, sejam eles particulares ou da rede pública de saúde. Boa sorte. Abraços.

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